
A franquia Asphalt, da Gameloft, sempre foi sinônimo de corridas arcade explosivas e gráficos impressionantes no mundo mobile. Desde Asphalt Urban GT (2004) até Asphalt 9: Legends, o nome construiu uma base fiel de jogadores que buscavam velocidade, adrenalina e jogabilidade acessível. No entanto, com o passar dos anos, a série passou a enfrentar críticas severas que vão muito além da nostalgia ou da resistência a mudanças. O principal problema da franquia hoje não está nos gráficos ou nos carros, mas em sua estrutura comercial e repetitividade de conteúdo.
1. Modelo Freemium Agressivo
O maior ponto de discórdia entre os fãs é o modelo freemium adotado desde Asphalt 8: Airborne. Embora gratuito para jogar, o jogo constantemente força o jogador a investir dinheiro real para conseguir carros competitivos ou progredir com eficiência.
- Carros lendários e eventos são bloqueados atrás de moedas premium (tokens) quase impossíveis de obter em grandes quantidades sem gastar.
- O sistema de combustível limitado impede longas sessões sem esperar ou pagar.
- Atualizações e melhorias de carros são cada vez mais caras, criando um abismo entre jogadores pagantes e os gratuitos.
Essa abordagem transforma o jogo em uma espécie de “pague para vencer”, alienando muitos jogadores casuais e antigos fãs da série.
2. Repetitividade e Falta de Inovação
Apesar dos gráficos cada vez mais realistas e dos efeitos espetaculares, a jogabilidade se tornou previsível e cansativa.
- Os circuitos são constantemente reutilizados com poucas variações.
- Os eventos se repetem com mínimas mudanças, apenas com foco em moer recursos para desbloquear carros temporários.
- A IA (inteligência artificial) dos oponentes ainda depende de rubber banding, onde os carros inimigos se aproximam artificialmente, mesmo com desempenho inferior.
Com isso, o jogo perde a sensação de progresso e inovação que era visível em versões anteriores.
3. Comunidade Dividida
Outro reflexo desses problemas é a própria comunidade de jogadores. Muitos fãs das primeiras versões da franquia se afastaram por sentirem que a Gameloft abandonou o espírito original de Asphalt em favor de monetização agressiva. Fóruns e redes sociais estão cheios de críticas sobre:
- Falta de respeito ao tempo do jogador.
- Eventos impossíveis de completar sem pagar.
- Ausência de modos offline robustos como nos jogos antigos.
A comunidade sente que o jogo deixou de ser divertido e se tornou um trabalho.
4. Ausência de Versões Premium
Jogos como Asphalt 6 e Asphalt 7: Heat ofereciam experiências completas por um preço único, sem mecânicas de exploração financeira. Hoje, esse modelo desapareceu. O que resta são jogos dependentes de servidores, com eventos temporários, e com uma pressão constante para compras internas. Isso prejudica a preservação da série e a sua longevidade.
Conclusão
A franquia Asphalt é vítima de sua própria ambição comercial. O foco excessivo na monetização comprometeu a diversão e afastou jogadores que buscavam uma experiência mais equilibrada. Embora ainda seja uma referência em termos de gráficos e impacto visual no mobile, a série precisa urgentemente de uma reinvenção que coloque o jogador no centro da experiência — e não o lucro.
Se a Gameloft quiser preservar a reputação da franquia, talvez seja hora de revisitar as raízes: uma jogabilidade empolgante, acessível e, acima de tudo, justa.